Segundo Orlando Pires, a assonância consiste na repetição da vogal tônica ou vocábulos com consoantes iguais e vogais distintas.
Veja os exemplos:
“Pássaro da lua
que queres cantar
nessa terra tua
sem flor e sem mar?”
(Cecília Meireles)
Nesses versos, a assonância se apresenta na repetição da vogal tônica “e” (queres, nessa, terra, sem), nas vogais “ua” (lua, tua) e na vogal “a” (pássaro, cantar, mar).
“A bela bola
rola:
a bela bola de Raul”.
(Cecília Meireles)
Nessa estrofe, os vocábulos são assonantes, pois apresentam consoantes iguais e vogais diferentes (bela, bola).
“É a moda
da menina muda
da menina trombuda
que muda de modos
e dá medo”.
(Cecília Meireles)
Nos versos acima, a assonância se apresenta através de consoantes iguais e vogais distintas (moda, muda, modos, medo).
Outros exemplos de assonância:
“Com seu colar de coral (repetição da vogal tônica)
Carolina
corre por entre as colunas (vogais diferentes entre consoantes idênticas)
da colina”.
(Cecília Meireles)
Tanta Tinta
Ah! Menina tonta
toda suja de tinta
mal o céu desponta!
(Sentou-se na ponte,
muito desatenta…
E agora se espanta:
Quem é que a ponte pinta
com tanta tinta?…)
A ponte aponta
e se desaponta
A tontinha tenta
limpar a tinta
ponto por ponto
e pinta por pinta…
Ah! a menina tonta!
Não viu a tinta da ponte.
(Cecília Meireles)
Neste poema, a assonância ocorre nos dois casos citados: na repetição das vogais tônicas nasais “an, en, in, on”, como também se apresenta com consoantes iguais e vogais distintas. Observe:
Tanta aponta
Tenta a ponte
Tinta pinta
Tonta ponte
ponto
desponta
Desatenta desaponta
espanta
Esse recurso estilístico é muito utilizado na poesia, e constitue um importante elemento na intensificação da musicalidade dos versos.
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