sábado, 8 de maio de 2010

Amanda, Pedro, Raquel, Monique... 3º Ano B


O QUINZE – RACHEL DE QUEIROZ

O primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz é O Quinze. O título se refere a grande seca de 1915, vivida pela escritora em sua infância. O romance se dá em dois planos, um enfocando o vaqueiro Chico Bento e sua família, o outro a relação afetiva de Vicente, rude proprietário e criador de gado, e Conceição, sua prima culta e professora. Conceição é apresentada como uma moça que gosta de ler vários livros, inclusive de tendências feministas e socialistas o que estranha a sua avó, Mãe Nácia - representante das velhas tradições. No período de férias, Conceição passava na fazenda da família, no Logradouro, perto do Quixadá. Apesar de ter 22 anos, não dizia pensar em casar, mas sempre se "engraçava" à seu primo Vicente. Ele era o proprietário que cuidava do gado, era rude e até mesmo selvagem. Com o advento da seca, a família de Mãe Nácia decide ir para cidade e deixar Vicente cuidando de tudo, resistindo. Trabalhava incessantemente para manter os animais vivos. Conceição trabalhava agora no campo de concentração onde ficavam alojados os retirantes, e descobre que seu primo estava "de caso" com "uma caboclinha qualquer". Enquanto ela se revolta, Mãe Nácia à consola dizendo: "Minha filha, a vida é assim mesmo... Desde hoje que o mundo é mundo... Eu até acho os homens de hoje melhores." Vicente se encontra com Conceição e sem perceber confessa as temerosidades dela. Ela começa a tratá-lo de modo indiferente. Vicente se ressente disso e não consegue entender a razão. As irmãs de Vicente armam um namoro entre ele e uma amiga, a Mariinha Garcia. Ele, porém se espanta ao "saber" que estava namorando, dizendo que apenas era solícito para com ela e não tinha a menor intenção de comprometimento. Conceição percebe a diferença de vida entre ela e seu primo e a quase impossibilidade de comunicação. A seca termina e eles voltam para o Logradouro. Segundo Plano - Chico Bento e sua família Sem dúvida a parte mais importante do livro. Apresenta a marcha trágica e penosa do vaqueiro Chico Bento com sua mulher e seus 5 filhos, representando os retirantes. Ele é forçado a abandonar a fazenda onde trabalhara. Junta algum dinheiro, compra mantimentos e uma burra para atravessar o sertão. Tinham o intuito de trabalhar no Norte, extraindo borracha. No percurso, em momento de grande fome, Josias, o filho mais novo, come mandioca crua, envenenando-se. Agonizou até a morte. O seu fim está bem descrito nessa passagem: "Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra da mesma cruz." Uma cena marcante na vida do vaqueiro foi a de matar uma cabra e depois descobrir que tinha dono. Este o chamou de ladrão, e levou o resto da cabra para sua casa, dando-lhes apenas as tripas para saciarem. Légua após, Chico Bento dá falta do seu filho mais velho Pedro. Chegando ao Aracape, lugar onde supunha que ele pudesse ser encontrado avista um compadre que era o delegado. Recebem alguns mantimentos, mas não é possível encontrar o filho. Ficam sabendo que o menino tinha fugido com comboieiros de cachaça. Notem: "Talvez fosse até para a felicidade do menino. Onde poderia estar em maior desgraça do que ficando com o pai?" Ao chegarem no campo de concentração, são reconhecidos por Conceição, sua comadre. Ela arranja um emprego para Chico Bento e passa a viver com um de seus filhos. Conseguem também uma passagem de trem e viajam para São Paulo, desistindo de trabalhar com a borracha.




- ANÁLISE DA OBRA

Publicado em 1930, o romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, renovou a ficção regionalista. Possui cenas e episódios característicos da região, com a procissão de pedir chuva, são traços descritivos da condição do retirante. O sentido reivindicatório, entretanto não traz soluções prontas, preferindo apontar os males da região através de observação narrativa. Em O Quinze, primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz, a autora exprime intensa preocupação social, apoiada, contudo, na análise psicológica das personagens, especialmente o homem nordestino, sob pressão de forças atávicas que o impelem à aceitação fatalista do destino. Há uma tomada de posição temática da seca, do coronelismo e dos impulsos passionais, em que o psicológico se harmoniza com o social. A obra apresenta a seca do nordeste e a fome como conseqüência, não trazendo ou tentando dar uma lição, mas como imagem da vida. Não percebe-se uma total separação entre ricos e pobres, e esta fusão é feita através da personagem Conceição que pertence realmente aos dois mundos. Evitando assim o perigo dos romances sociais na divisão entre "bons pobres" e "maus ricos", não condicionando inocentes ou culpados.

- ESTRUTURA DA OBRA

O título do livro evoca a terrível seca do Ceará de 1915. A própria família de Rachel foi obrigada a fugir do Ceará: foi para o Rio de Janeiro, depois para Belém do Pará. Compõe-se de 26 capítulos, sem títulos, enumerados. A classificação de O Quinze é, sem dúvida, de romance regionalista de temática social. Mas com uma visão que foge ao clichê tradicional. Não há, na história, a divisão batida de \"pessoas boas e pobres\" e de \"pessoas más e ricas\". A autora registrou no papel a sua emoção, sem condicionar o romance a uma tese ou à preocupação de procurar inocentes e culpado pela desgraça de cada um ou mesmo do grupo envolvido na história. A história é recheada de amarguras. Bastaria a saga da família de Chico Bento para marcar o romance com as cores negras da desgraça. A morte está por toda parte. Está no calvário da família de retirantes, está em cada parada da caminhada fatigante, está no Campo de Concentração. Morte de gente e de bichos. A história de amor entre Vicente e Conceição poderia ser o lado bom e humano da história. Não é. A falta de comunicação entre os dois, o desnível cultural que os separa constituem ingredientes amargos para um desfecho infeliz. É como se a seca, responsável por tantos infortúnios, fosse causadora de mais um: a impossibilidade de ser feliz para quem tem consciência da miséria. Romance de profundidade psicológica. A análise exterior dos personagens existe, mas sem relevo especial dentro do livro. A autora vai soltando uma característica aqui, outra além, sem interromper a narrativa para minúcias. O lado introspectivo, psicológico é uma constante em toda a narrativa. Ao mesmo tempo em que o narrador informa as ações dos personagens, introduz interrogações e dúvidas que teriam passado por sua cabeça, por seu espírito.

- TEMPO

A autora situa a história do romance no Ceará de 1915. O fato histórico importante da época era a própria seca, obrigando os filhos da terra, principalmente do sertão, a migrarem para o Amazonas ou para São Paulo, à procura de vida melhor. Não há avanços nem recuos. A história é contada em linha reta, valorizando o presente, o cotidiano das pessoas. O passado é evocado raramente, muito mais por Conceição. A passagem do tempo dentro do romance é marcada de maneira tradicional, obedecendo à seqüência de início, meio e fim.

- LINGUAGEM

O sucesso do livro está atrelado à simplicidade da linguagem (a mais difícil das virtudes literárias!). Não há exibicionismo da autora no uso de palavreado erudito. Mesmo quando a dona da palavra é uma professora (Conceição), o diálogo flui espontâneo, normal, cotidiano. Sua linguagem é natural, direta, coloquial, simples, sóbria, condicionada ao assunto e á região, própria da linguagem moderna brasileira. A estas características deve-se ao não envelhecimento da obra, pois sua matéria está isenta do peso da idade. Em O Quinze, Rachel usa o que lhe deu fama imediata: uma linguagem regionalista sem afetação, sem pretensão literária e sem vínculo obrigatório a um falar específico (modismo comum na tendência regionalista). A sobriedade da construção, a nitidez das formas, a emoção sem grandiloqüência, a economia de adjetivos são recursos perceptíveis em todo o livro.

- FOCO NARRATIVO

O Quinze é romance narrado na terceira pessoa, ou seja, o narrador é a própria autora. O narrador é onisciente. Estando fora da história, o narrador vai penetrando na intimidade dos personagens como se fosse Deus. Sabe tudo sobre eles, por dentro e por fora. Conhece-lhes os desejos e adivinha-lhes o pensamento. Discurso livre indireto. Em vez de apresentar o personagem em sua fala própria, marcada pelas aspas e pelos travessões (discurso direto), o narrador funde-se ao personagem, dando a impressão de que os dois falam juntos. Isto faz com que o narrador penetre na vida do personagem, no seu íntimo, adivinhando-lhe os anseios e dúvidas.

- PERSONAGENS

Conceição - Não com os alunos, mas com a própria vida. Conceição é forte de espírito, culta, humana e com idéias um tanto avançadas sobre a condição feminina. O único homem que lhe despertou desejos é o primo Vicente. Conceição tem uma admiração antiga e especial pelo rapaz, talvez porque ele é real, sem as falsidades comuns dos moços bem-educados. Ao descobrir que ele não é tão puro, a admiração esfria, criando uma barreira intransponível para a realização plena do seu amor. Tinha vocação para solteirona: "Conceição tinha vinte e dois anos e não falava em casar. As suas poucas tentativas de namoro tinham-se ido embora com os dezoito anos e o tempo de normalista; dizia alegremente que nascera solteirona". Conceição sente-se realizada ao criar Duquinha, o afilhado que lhe doaram Chico Bento e Cordulina. É uma realização íntima, preenchendo o vazio da decepção amorosa.
Vicente - Filho de fazendeiro rico, com condições de mandar os filhos para a escola, Vicente, desde menino, quis ser vaqueiro. No início, isso causava tristeza e desgosto à família, principalmente à mãe, Dona Idalina. Com o tempo, todos passaram a admirar o rapaz. Vicente é o vaqueiro não-tradicional da região. Cuida do gado com um desvelo incomum, mas cuida do que é seu, ao contrário dos outros (Chico Bento é o exemplo) que cuidam de gado alheio. Tem boas condições financeiras, mas é humano em relação à família e aos empregados. Vicente tinha dentes brancos com um ponto de ouro. Na intimidade, quando se põe a pensar na vida e na felicidade, associa tais coisas à Conceição. Tem uma admiração superior por ela. Gradualmente, à medida que vai notando a maneira fria com que ela passa a tratá-lo, Vicente começa a descrer no amor e na possibilidade de casar e ser feliz.
Chico Bento - Chico Bento é o protótipo do vaqueiro pobre, cuidando do rebanho dos outros. Ele é o vaqueiro de Dona Maroca, da fazenda das Aroeiras, na região de Quixadá. Ele e Vicente são compadres e vizinhos. Como é peculiar da pobreza brasileira e nordestina, Chico Bento tem a mulher (Cordulina) e cinco filhos, todos ainda pequenos. Pedro, o mais velho, tem doze anos. Expulso pela seca e pela dona da fazenda, Chico Bento e família empreendem uma caminhada desastrosa em direção a Fortaleza. Perde dois filhos no caminho: um morre envenenado (Josias), o outro desaparece (Pedro). Antes de embarcar para São Paulo, é obrigado a dar o mais novo (Duquinha) para a madrinha, Conceição. De Fortaleza, Chico Bento e parte da família vão, de navio, para São Paulo. É o exílio forçado, é a esperança de vida melhor e, quem sabe, de riqueza para quem só conheceu miséria no Ceará.
Cordulina - É a esposa de Chico Bento. Personifica a mulher submissa, analfabeta, sofredora, com o destino atrelado ao destino do marido. É o exemplo da miséria como conseqüência da falta de instrução.
Josias - Filho de Chico Bento e Cordulina tem cerca de dez anos de idade. Comeu mandioca crua e morreu envenenado na estrada.
Pedro - Filho de Chico Bento e Cordulina, é o mais velho, tem doze anos de idade. Desapareceu quando o grupo ia chegando a Acarape.
Manuel (Duquinha) - É o filho caçula de Chico Bento e Cordulina; tem dois anos de idade. Foi doado à madrinha, Conceição.
Paulo - Irmão mais velho de Vicente, ele é o orgulho dos pais (pelo menos no início). Estudou, fez-se doutor (promotor) e casou-se na cidade com uma moça branca. Depois de casado, passou a dedicar o seu tempo à família, quase não se interessando mais pelos pais e pelos irmãos. Só então os pais deram valor a Vicente.
Mocinha - Irmã de Cordulina ficou como empregada doméstica em Castro, na casa de sinhá Eugênia. Arranjou um filho sem pai e tudo indica que vai viver da prostituição.
Lourdinha - Irmã mais velha de Vicente. Casou-se com Clóvis Garcia em Quixadá. No final, têm uma filha, símbolo da felicidade que as pessoas simples e descomplicadas conseguem conquistar.
Alice - Irmã mais nova de Vicente. Mora na fazenda com os pais e os irmãos.
Dona Inácia - Avó de Conceição, espécie de mãe, pois foi quem a criou depois que a mãe verdadeira morreu. É dona da fazenda Logradouro, na região de Quixadá. Não aprova as idéias liberais da neta, principalmente no que diz respeito a ficar solteirona.
Dona Idalina - Prima de Dona Inácia. Idalina é a mãe de Vicente, Paulo, Alice e Lourdinha. Vive com o marido, Major, na fazenda perto de Quixadá.
Major - Fazendeiro rico na região de Quixadá. Entrega a administração da fazenda ao filho Vicente. Orgulha-se de ter um filho doutor: o Paulo, promotor em uma cidade do interior do Ceará.
Dona Maroca - Fazendeira, dona da fazenda Aroeiras na região de Quixadá. Na época da seca, mandou o vaqueiro, Chico Bento, soltar o gado e procurar, por conta própria, meios para sobreviver.
Mariinha Garcia - Moça bonita, de família rica, moradora de Quixadá. Com auxílio de Lourdinha e Alice, faz tudo para conquistar Vicente, mas as tentativas resultam inúteis.
Luís Bezerra - Compadre de Chico Bento e Cordulina. Trabalhara também nas Aroeiras sob o comando de Dona Maroca. Agora, é delegado em Acarape, povoado do interior do Ceará. Foi ele quem conseguiu passagens de trem para que a família do compadre chegasse a Fortaleza.
Doninha - Esposa de Luís Bezerra, madrinha do Josias, o filho de Chico Bento que morreu envenenado na estrada.
Zefinha - Filha do vaqueiro Zé Bernardo. Conceição, acreditando numa conversa que tivera com Chiquinha Boa, acha que Vicente tem um caso com Zefinha.
Chiquinha Boa - Trabalhava na fazenda de Vicente. Na época da seca, achando que o governo do Ceará estava ajudando os pobres que migravam para a capital, deixou a zona rural.

- ENREDO

A obra O Quinze aborda a seca de 1915, descreve alguns aspectos da vida do interior do Ceará durante um dos períodos mais dramáticos que o povo atravessou. O enredo é interessante, dramático, mostrando a realidade do Nordeste Brasileiro e se dá em dois planos. No primeiro plano enfoca o vaqueiro Chico Bento e sua família, o outro a relação afetiva de Vicente, rude proprietário e criador de gado, e Conceição, sua prima culta e professora. Conceição é apresentada como uma moça que gosta de ler vários livros, inclusive de tendências feministas e socialistas o que estranha a sua avó, Mãe Nácia que é representante das velhas tradições. No período de férias, Conceição passava na fazenda da família, no Logradouro, perto do Quixadá. Apesar de ter 22 anos, não dizia pensar em casar, mas sempre se "engraçava" à seu primo Vicente. Ele era o proprietário que cuidava do gado, era rude e até mesmo selvagem. Com o advento da seca, a família de Mãe Nácia decide ir para cidade e deixar Vicente cuidando de tudo, resistindo. Trabalhava incessantemente para manter os animais vivos. Conceição, trabalhava agora no campo de concentração onde ficavam alojados os retirantes, e descobre que seu primo estava "de caso" com "uma caboclinha qualquer". Enquanto ela se revolta, Mãe Nácia à consola dizendo: "Minha filha, a vida é assim mesmo... Desde hoje que o mundo é mundo... Eu até acho os homens de hoje melhores." Vicente se encontra com Conceição e sem perceber confessa as temerosidades dela. Ela começa a tratá-lo de modo indiferente. Vicente se ressente disso e não consegue entender a razão. As irmãs de Vicente armam um namoro entre ele e uma amiga, a Mariinha Garcia. Ele, porém se espanta ao "saber" que estava namorando, dizendo que apenas era solícito para com ela e não tinha a menor intenção de comprometimento. Conceição percebe a diferença de vida entre ela e seu primo e a quase impossibilidade de comunicação. A seca termina e eles voltam para o Logradouro. O segundo plano é, sem dúvida, a parte mais importante do livro. Apresenta a marcha trágica e penosa do vaqueiro Chico Bento com sua mulher e seus 5 filhos, representando os retirantes. Ele é forçado a abandonar a fazenda onde trabalhara. Junta algum dinheiro, compra mantimentos e uma burra para atravessar o sertão. Tinham o intuito de trabalhar no Norte, extraindo borracha. No percurso, em momento de grande fome, Josias, o filho mais novo, come mandioca crua, envenenando-se. Agonizou até a morte. O seu fim está bem descrito nessa passagem: "Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra das mesma cruz." Uma cena marcante na vida do vaqueiro foi a de matar uma cabra e depois descobrir que tinha dono. Este o chamou de ladrão, e levou o resto da cabra para sua casa, dando-lhes apenas as tripas para saciarem. Légua após, Chico Bento dá falta do seu filho mais velho Pedro. Chegando ao Aracape, lugar onde supunha que ele pudesse ser encontrado, avista um compadre que era o delegado. Recebem alguns mantimentos mas não é possível encontrar o filho. Ficam sabendo que o menino tinha fugido com comboeiros de cachaça. Notem: "Talvez fosse até para a felicidade do menino. Onde poderia estar em maior desgraça do que ficando com o pai?" Ao chegarem no campo de concentração, são reconhecidos por Conceição, sua comadre. Ela arranja um emprego para Chico Bento e passa a viver com um de seus filhos. Conseguem também uma passagem de trem e viajam para São Paulo, desistindo de trabalhar com a borracha.

- BIOGRAFIA DA AUTORA

Nome:Rachel de Queiroz
Nascimento:17/11/1910
Natural:Fortaleza - CE
Morte:04/11/2003

Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na “Academia Brasileira de Letras”. Publicou 23 livros individuais e quatro em parceria. Sua vasta e preciosa obra está traduzida e publicada em francês, inglês, alemão e japonês. Além disso, traduziu 45 obras para o português, sendo 38 romances. Colaborou semanalmente com crônicas no jornal “O Estado de São Paulo”.
Nasceu em Fortaleza (CE), em 17 de novembro de 1910, no antigo 86 da rua Senador Pompeu, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 4 de novembro de 2003. Filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz. Descendendo pelo lado materno da estirpe dos Alencar, parente, portanto de José de Alencar, autor ilustre de “O Guarani” e pelo lado paterno dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas no Quixadá em Beberibe.
Em 1917, em companhia dos pais, veio para o Rio de Janeiro, procurando a família, nessa migração, esquecer os horrores da terrível seca de 1915, que mais tarde a romancista iria aproveitar como tema de “O Quinze”. Em 1919, voltou a Fortaleza. Em 1921 matricula-se no colégio Imaculada Conceição, dirigido pelas irmãs de Caridade, onde fez o curso normal diplomando-se como professora em 1925, aos quinze anos de idade.
Em 1927, atraída pelo jornalismo, principiou a colaborar com o jornal “O Ceará”, do qual se tornou mais tarde redatora efetiva. Em fins de 1930 estreou com o romance “O Quinze”, com inesperada repercussão no Rio de Janeiro, então capital do país, feito impressionante para uma desconhecida escritora nordestina de apenas vinte anos de idade. Assim projetou-se na vida literária do país agitando a bandeira do romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca, inaugurando assim, o fecundo e importante ciclo do romance nordestino. A crítica da época foi unânime em seus aplausos, e todas essas opiniões favoráveis foi ratificada com outorga do prêmio da “Fundação Graça Aranha” que lhe foi concedido em 1931.
Depois dessa estréia sensacional, reaparece com outro romance — “João Miguel” — publicado em 1932, seguindo-se um intervalo de cinco anos na atividade literária da autora. Retorna à ficção em 1937 com “Caminho de Pedras”, seguido em 1939 de “As Três Marias” que mereceu ganhar o prêmio da “Sociedade Felipe d’Oliveira”.
Somente trinta e seis anos depois apareceram seu quinto romance “Dora Doralina”, cuja primeira edição, 1975, saiu sob a chancela do editor José Olympio/INL; embora em 1950, tenha escrito o romance “O Galo de Ouro”, divulgado em folhetins pela revista “O Cruzeiro” e publicado em livro, em 1985. Sua obra-prima, o romance “Memorial de Maria Moura” foi publicado em 1992, pela Editora Siciliano, romance que lhe deu o troféu “Juca Pato” concedido aos ganhadores do prêmio “Intelectual do Ano”.
“Residiu no Rio por longos anos, a princípio no reduto marítimo-bucólico da Ilha do Governador, e depois no bairro do Leblon; Costumava passar parte do ano no Rio e parte em suas terras do Ceará na fazenda” Não Me Deixes. Rachel de Queiroz dedicou-se, sobretudo ao jornalismo. Escreveu quase até morrer uma coluna semanal no jornal “O Estado de São Paulo”, tendo colaborado durante muito tempo também no “Diário de Notícias” e, posteriormente, na revista “O Cruzeiro, da qual foi cronista exclusiva. Ainda colaborou com os seguintes órgãos de imprensa: “O Jornal”, “Última Hora” e “Jornal do Comércio”. De sua assídua e prolongada colaboração jornalística nasceu seu primeiro livro de crônicas “A Donzela e a Moura Torta” , publicado em 1948, seguindo-se novo intervalo literário até 1955, quando a escritora voltou abordando novo gênero — o teatro — publicando o primeiro drama de sua autoria, “Lampião”, baseado na vida do lendário cangaceiro do Nordeste. A peça foi representada no Rio, no Teatro Municipal, e em São Paulo no Teatro Leopoldo Fróes, na capital bandeirante, onde foi conferido a Rachel de Queiroz o prêmio Saci como autora da melhor peça do ano.
Em 1957, recebeu o prêmio-consagração da “Academia Brasileira de Letras”, relativo ao conjunto de obra: “Prêmio Machado de Assis”. Em 1956-57 escreveu nova peça, “A Beata Maria do Egito”, publicada em maio de 1958, que obteve, em 1957, o “Prêmio de Teatro do Instituto Nacional do Livro” e o “Prêmio Roberto Gomes” para a melhor peça dramática (concedida pela Secretaria de Educação do Rio de Janeiro). Foi levada à cena pelo Teatro Nacional de Comédia no Teatro Serrador, do Rio, com Glauce Rocha, Sebastião Vasconcelos e Jaime Costa nos principais papéis.
Em julho de 1958 publicou, dez anos após seu primeiro livro de crônicas, novo volume intitulado “100 Crônicas Escolhidas”, obra que reúne as melhores páginas do gênero escritas até então pela autora. E em 1964 reapareceu na crônica, em livro, depois de uma ausência de nove anos. Estreou na literatura infantil com “O Menino Mágico”, 1971, prêmio “Jabuti” da “Câmara Brasileira do Livro”. E ainda no mesmo gênero, em 1986 publicou “Cafute & Pena de Prata” com ilustrações de Ziraldo.
Como experiência diplomática, devemos lembrar sua participação na 21° sessão da Assembléia Geral da ONU, em 1966, quando serviu como delegada do Brasil, trabalhando especialmente na Comissão dos Direitos do Homem.
Integrou o Conselho Federal de Cultura desde sua criação em 1967 até 1985.
É cidadã carioca, conforme título que lhe foi outorgado pela Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara, em 20 de novembro de 1970.
Em 1970, o Diretor-geral da Biblioteca Nacional, o escritor Adonias Filho, como justa homenagem promoveu a exposição “Rachel de Queiroz”.
Primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras, até então seleto reduto masculino, Rachel de Queiroz foi eleita em 4 de agosto de 1977, tomando posse em 4 de novembro do mesmo ano. Fez o discurso de recepção o acadêmico Adonias Filho. Em 1993 recebe em Portugal o prêmio "Camões", o maior galardão da nossa língua.

- OBRAS DA AUTORA

Individuais: - Romances:
- O quinze (1930)- João Miguel (1932)- Caminho de pedras (1937)- As três Marias (1939)- Dôra, Doralina (1975)- O galo de ouro (1985) - folhetim na revista " O Cruzeiro", (1950)- Obra reunida (1989)- Memorial de Maria Moura (1992)

- Literatura Infanto-Juvenil:- O menino mágico (1969)- Cafute & Pena-de-Prata (1986)- Andira (1992)- Cenas brasileiras - Para gostar de ler 17.

- Teatro:- Lampião (1953)- A beata Maria do Egito (1958)- Teatro (1995)- O padrezinho santo (inédita)- A sereia voadora (inédita)

- Crônica:- A donzela e a moura torta (1948);- 100 Crônicas escolhidas (1958)- O brasileiro perplexo (1964)- O caçador de tatu (1967)- As menininhas e outras crônicas (1976)- O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)- Mapinguari (1964)- As terras ásperas (1993)- O homem e o tempo (74 crônicas escolhidas}- A longa vida que já vivemos- Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas- Cenas brasileiras- Xerimbabo (ilustrações de Graça Lima)- Falso mar, falso mundo - 89 crônicas escolhidas (2002)

- Antologias:- Três romances (1948)- Quatro romances (1960) (O Quinze, João Miguel, Caminho de Pedras,As três Marias)- Seleta (1973) - organização de Paulo Rónai

- Livros em parceria:- Brandão entre o mar e o amor (romance - 1942) - com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Jorge Amado.- O mistério dos MMM (romance policial - 1962) - Com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Jorge Amado, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa.- Luís e Maria (cartilha de alfabetização de adultos - 1971) - Com Marion Vilas Boas Sá Rego.- Meu livro de Brasil (Educação Moral e Cívica - 1º. Grau, Volumes 3, 4 e 5 - 1971) - Com Nilda Bethlem.- O nosso Ceará (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), relato, 1994.- Tantos anos (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), auto-biografia, 1998.- O Não Me Deixes – Suas Histórias e Sua Cozinha (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), 2000.

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