segunda-feira, 9 de abril de 2012

Paralelismo

O paralelismo constitui uma das características estruturais da lírica galego-portuguesa, consistindo na repetiçãosimétrica de palavras, estruturas rítmico-métricas ou conteúdos semânticos. Nas cantigas de amigo, o paralelismoconsubstancia-se frequentemente no leixa-prem, um processo de articulação estrófica, pelo qual o 2.º verso da 1.ªestrofe é retomado no 1.º verso da 3.ª estrofe, ao mesmo tempo que o 2.º verso da 2.ª estrofe é repetido no 1.º da 4.ª estrofe, e assim sucessivamente, mantendo invariável o refrão, ao mesmo tempo que cada par de dísticos realiza um paralelismo semântico, como, por exemplo, na seguinte cantiga de Martin Codax:
Eno sagrad', en Vigo, bailava corpo velido: amor ey! En Vigo, no sagrado, bailava corpo delgado amor ey! Bailava corpovelido, que nunca ouvera amigo: amor ey! Bailava corpo delgado, que nunca ouvera amado: amor ey! Que nunca ouveraamigo, ergas no sagrad' en Vigo: amor ey! Que nunca ouvera amado, ergu'en Vigo, no sagrado: amor ey. (CV889)Também se pode verificar a presença do paralelismo noutras épocas em que se observa a repetição da estruturasintática da frase, ainda que nem sempre com as mesmas palavras, como, por exemplo, nestas estrofes da poesia "Anoiva", de Júlio Dinis (exceto o sublinhado): "Abrem-se as portas. ele!" Disse toda a companhia, porém ilusóriaesperança! Um pagem aparecia; E a alva flor da laranjeira
Do véu da noiva caía.
Tristes novas traz o pagem, Que triste o rosto trazia; Fez-se um silêncio profundo enquanto que ele as dizia, e a alvaflor da laranjeira
Ainda por terra jazia.

Dispam-se as galas da festa, Calem-se os sons de alegria, Que morto em cruel combate O noivo... Um grito se ouvia,Junto à flor da laranjeira
A noiva no chão caía."

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